domingo, 11 de abril de 2010

Ressaca

No exato momento em que abrira os olhos, sentiu a pontada forte atingir-lhe como um tiro. Tentou  levantar, mas a cabeça demasiado doída fez com que se afundasse no travesseiro novamente e fechasse os olhos, tentando inutilmente dormir para acordar só no dia seguinte. Segundos depois, vencida,  levantou-se num salto e caminhou até a cozinha. Abriu a geladeira em busca de litros e mais litros de água, mas a jarra de alguma forma não estava mais lá, simplesmente sumira. Ótimo. Murmurando palavrões para si mesma, acabou por desistir da ideia de procurar água e rumou os passos pequenos para o quarto.
- Deixei ao lado da sua cama. - Uma voz masculina disse, da porta do banheiro. Estava parado, exibindo um misto de expressões que a moça não conseguiu decifrar, sabia apenas que causava-lhe certa aflição.
- Ah, bom dia... Obrigada. - Não fazia a menor ideia se o rapaz estava bravo, mas desejava firmemente que não. Mais uma vez jogou-se na cama e permitiu que os edredons a acolhessem, assim como o travesseiro que parecia estar incrivelmente mais macio que nos outros dias. Sorriu de canto ao ver a desaparecida jarra sobre a mesa de cabeceira e em seguida, fechou suavemente os olhos. Estava frio lá fora, de forma que a melhor coisa que podia fazer mesmo era ficar aquecida debaixo dos edredons e dormir, mas faltava a companhia do rapaz na porta. Não iria pedir-lhe que se deitasse com ela porque parecia um tanto irritado para aceitar, por isso nem se passou por sua cabeça que, no momento em que começava a embarcar no sono ele iria deitar-se ao seu lado e afagá-la. Aquele olhar... não era de raiva, era de preocupação.
- Não precisa se preocupar comigo. - disse. O moreno, abrindo um sorriso carinhoso retrucou:
- E tem jeito?
Os dois riram de forma gostosa, baixa, e então fecharam os olhos.
Pensando bem, até que ressaca não era tão mal assim.

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