terça-feira, 7 de setembro de 2010

Banana Pancakes

O carro estacionou lá fora.
De dentro, saiu um homem alto e uma moça de cabelos negros. Ambos traziam expressão cansada e sorriso sereno nos lábios, sendo estes os mais notáveis. 
O fim de semana que jamais planejaram acabava de começar.
"Rápido, se você ficar em baixo dessa chuvinha vai se resfriar", disse ela.
"Já vou, estava procurando malas perdidas no carro. Você realmente só pegou uma bolsa, inacreditável"
"Engraçadinho", resmungou, fazendo a careta que o rapaz, coincidentemente, mais gostava. Riram juntos e os dois entraram na casinha de madeira, cada um com sua própria bagagem - que foi prontamente jogada no canto - e expectativa.Os dois se abraçaram, felizes por estarem ali, longe de toda confusão urbana por três dias. Dias somente deles.
Fazia frio. Lá fora uma chuva fina, característica dos invernos mineiros, umedecia a grama. A mesma chuva que condenara o rapaz a um resfriado, como sua namorada bem disse. Para combater o gelo das mãos, decidiram por acender a lareira. Acenderam, sentaram-se um ao lado do outro no chão e conversaram sobre a beleza das estrelas, do céu e do amor.
Não faria mal se o mundo acabasse ali. Estavam plenos juntos.



A manhã se adiantou nublada, com a chuva persistente. A moça abriu os olhos sonolenta, sem saber diferenciar ainda a realidade do sonho. Buscou o homem que dormira ao seu lado, mas ele não estava lá. Imaginou que ele talvez tivesse ido ao banheiro ou qualquer coisa assim e decidiu por se cobrir novamente e deixar que o sono a levasse, para depois se preocupar com qualquer coisa.
Sucedeu, então, que mal ela havia pregado os olhos e o mesmo homem citado anteriormente irrompeu para dentro do quarto trajando calça de moletom, camisa de mangas compridas e nas mãos o que ela jamais imaginara: uma bandeja de tamanho considerável, contendo um prato e panquecas mergulhadas em calda de chocolate.
"Cheira bem. Não sabia desses seus dotes culinários" riu ela, sentando-se na cama. O rapaz também se sentou em meio aos cobertores e pousou a bandeja no colo da outra. Ela fez menção de pegar o garfo, mas ele tomou-o antes que ela pudesse sequer tocá-lo e levou um pedaço a boca daquela que lhe falava Ela riu e comeu, deleitando-se com o sabor.
"É de banana!" exclamou, agradecendo-o com infinitos beijos doces.
"Já vai se levantar?"
"Acho que sim. Você deve ter feito a maior bagunça na cozinha, não quer ajuda?"
Ele a acariciou no rosto.
"Não há o que fazer hoje" e a deitou na cama, devolvendo todos os beijos que antes recebera. Abraçaram-se e rolaram nos cobertores, fazendo juras de amor sob o calor da lareira.
"Não permitirei que saia dessa cama hoje, senhorita. Não existe mundo lá fora" riu ele, cobrindo-a até a cabeça. Ela fingiu reagir, lutar e por fim falecer. No entanto foi prontamente revivida por cócegas na barriga e nos pés.
O que o rapaz mais desejava era fazer com que aquele fim de semana durasse para sempre. Era fazer com que aquela se ria em seus braços esquecesse tudo o que lhe afligia o coração. Porém, como não podia, cuidou em fazê-lo inesquecível.
Naquela manhã o fim de semana apenas começava.

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Eu sei, ficou um final meio repentino, mas se eu demorasse mais ia escrever o fim de semana todo, haha. Foi inspirado na música Banana Pancakes do Jack Johnson e recomendo lerem ouvindo-a =)

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