Alguém me disse uma vez que o céu era impossível de tocar se você não tivesse asas.
Na abóbada celeste, o Sol estendia seu brilho até encontrar-se com a superfície do mar agitado, refletindo em centenas de tons o início do verão. Ela ergueu a mão pouco acima dos olhos numa tentativa de protegê-los dos raios intensos, e pôde ver através dos dedos abertos a luz atravessar calorosamente em direção ao seu rosto. Sorriu. A brisa estava gostosa naquele dia também.
Conversava com o rapaz ao seu lado, explicando-lhe as belezas do horizonte e das nuvens. Ele, apesar de assentir e por vezes sorrir, não estava lá. Ou talvez ela quem estivesse longe demais. Sabia apenas que, apesar dos sorrisos, seu coração entendia que era um contínuo afastamento. Talvez pelo tempo, as coisas. Nesse momento desejou estar no céu e abraçar o vento como seu melhor amigo para então viver só. No ciclo da vida, as pessoas eram passageiras, mas o amava demais para vê-lo partir daquela forma silenciosa e tranquila.
Ao lado, as gaivotas grasnavam alto para as ondas quebrando em sal. Fitou-as por alguns instantes e voltou a contemplar o infinito, flutuando pelo silêncio estável entre eles.
Decidiu que era hora de ir embora.
Nos sonhos, alguém a envolvia em grandes asas brancas e a puxava para o céu. Não era um anjo ou a morte, era...
Sorriu novamente e despediu-se dele, sem dizer "eu te amo" ou "nos vemos amanhã". Os pés moveram-se tão rápidos quanto ela conseguiu, correndo em direção ao Sol no alto. Não havia tantas nuvens assim. Corria para o mais longínquo pier, sem desviar os orbes da imensidão azul.
Estava só, e abriu os braços em meio ao vento. O cheiro do verão, das risadas, do oceano...
O verão veio de novo. O amor é o único que não muda com a passagem das estações. Agora, existem tantas memórias que não preciso de mais nada.
Abriu as asas. Estava no céu.
Adorei *-* Sutil mas muito sensível.
ResponderExcluirIsa, passa no meu? Te botei numa listinha lá!
Bjs
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