sábado, 13 de março de 2010

Masquerade

Uma sutil reverência. A mão esticada, convidando-a a dançar a próxima valsa. Gargalhadas atordoantes e musica graciosamente depositada sobre os ouvidos, incitando os sentidos. Um sorriso pequeno, outra reverência - desta vez, vinda do lado dela - e as mãos de um pousaram sobre o outro de forma sutil, quase temerosa. Passos ritmados perdidos em meio a vários outros pés, pernas e ligas dançantes cruzavam e cruzavam o salão sempre firmes e certeiros - ninguém os viu. Olhar lânguido preso no obliquo, no perverso. Rostos bizarrros, bonitos, vivos, roxos, azuis, vermellhos! Luzes e mais luzes aquecendo o corpo dos vários seres que se encontravam ali, por trás das máscaras que eram e faziam questão de negar ao Rei suas verdadeiras faces!
Entregues a noite, os limites físicos do salão se foram. Sem parar sua impenetrável dança, deixaram-se rodar sob a luz da lua de sorriso aberto (dissimulado) e olhar sedutor (assassino). Um mero segundo para a pausa dos pés, os dedos ansiosos por acariciar o pescoço enfeitado pela mais rara das jóias. Alguns movimentos suaves e palavras sussurradas habilidosamente ao pé do ouvido foram capazes de impregnar os sentidos, confundir a mente a ponto de quase não se pensar mais racionalmente! As mais derivadas sensações indevidas misturaram-se ao ar de pecado com a mais palpável luxúria de mãos inquietas pelos braços, ombros, e então - finalmente - o pescoço. Íntimo, exposto. Pedia por incontáveis toques e os daria de bom grado.
Orbes claros refletidos pela luz natural da lua, refletidos de terror, medo e asfixia - tão naturalmente belos como antes.
A música abafada soava clara e acolhedora, devia voltar antes que acabasse, e por uma adorável peça do destino não precisava esperar mais: naquele momento a dança terminara e a moça poderia finalmente ter seu merecido descanso quando alcançasse a grama - macia - lá em baixo.
Sorrindo, voltou para o salão nos mesmos passos em que viera, dançando alegremente com uma dama que já não estava mais em seus braços.
Máscaras. Risos. Alegria. Ninguém os viu.

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É provável que esse conto mude um pouco a cada vez que vocês vierem no blog. Ainda não estou satisfeita. :B

2 comentários:

  1. Penso se devo esperar pra fazer uma crítica construtiva sobre seu texto,esperar para que você esteja satisfeita com ele 'hm

    De qualquer forma, eu gostei dele até então o//

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